Um poema de Carolina Maria de Jesus

Conheça uma autora brasileira que relata sua realidade na favela.

Os poemas são uma forma de criticar a realidade em que vivemos, de denunciar as mazelas sociais e de ser resistência para a luta de uma minoria. Vários escritores usam a poesia para lutarem por seus direitos e entre eles há Carolina Maria de Jesus.

Moradora da favela, mulher e negra, Carolina nasceu em Sacramento, MG e devido à pobreza, mudou-se para a favela do Canindé, em São Paulo, onde morava com seus 3 filhos e trabalhava como catadora de papel. A família vivia em extrema miséria e passar fome era uma situação muito comum para eles, então, como forma de tentar esquecer as mazelas que os assolavam, Carolina encontrou na escrita um meio de se expressar, de relatar seu cotidiano e, com isso, de criticar a realidade social daqueles que viviam na favela. A autora, através de seus manuscritos, escreveu os livros “Quarto de Despejo”, Diário de Bitita”, “Casa de Alvenaria” e “Antologia pessoal”.

Carolina evidencia a marginalidade em que viviam os favelados, principalmente os negros, destacando como ela mesma já tinha sofrido preconceito não só por ser uma mulher da favela, mas por ser mulher negra da favela. Ela presenciou momentos de racismo, da suposta inferioridade feminina e de preconceito social. Através dessas situações, a autora mostra a dificuldade de um negro viver no Brasil.

O poema ,Muitas fugiam ao me ver evidencia esse preconceito e nos leva questionar se os negros realmente têm os seus direitos garantidos e se eles vivem com a mesma dignidade que o branco. Afinal, no momento atual em que vivemos, tornou-se ainda mais necessário denunciar o racismo e lutar pela valorização das vidas negras.

“Fui tolhida pelo preconceito

Se eu extinguir quero renascer

Num país que predomina o preto”, trecho do poema “Muitas fugiam ao me ver”, de Carolina (foto ao lado).

O poema foi publicado por “Folha de Poesia”, site voltado para artes, ideias e reflexões sobre a arte de escrever. Junto dele, também foram postados os poemas “A rosa”, “Dá-me as rosas”, “Humanidade”,”Sonhei” e “Quarto de Despejo”. Além dos poemas citados, no blog ainda há um estudo detalhado sobre a vida de Carolina e sobre as obras da autora. Para saber mais, acesse aqui.

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